1 de outubro de 2007

A 'musicocracia' um Culto ao amador ?.

A movimentação dos inúmeros fã-clubes - hoje, em sua grande maiora, redes sociais com afiliados em toda parte do globo ao invés de estarem separados em sedes com os 'fãs de São Paulo', 'fãs de Porto Alegre', etc - é marcada pela quantidade de votos que cada um se dispõe a dar de casa, madrugada a dentro, inúmeras vezes, criando e-mails fantasmas se necessário, burlando os sistemas de bloqueio de votos múltiplos em último caso. Enfim, suando a camisa e criando calos nos dedos para que no dia da festa (transmitida via internet também), seu ídolo esteja lá no palco, agradecendo 'a cada um que votou'. É estranho pensar em uma categoria do tipo 'Melhor Artista Internacional' com bandas que ainda nem pisaram no Brasil, e quando o fizer dificilmente será apreciada por aqueles que votaram. Mas funciona! É a 'musicocracia' gerada pelo consumidor da marca MTV.Talvez este venha ser mais uma face do culto ao amador.
Na sexta-feira passada, mais uma vez a MTV exibiu o seu manjadíssimo VMB, a premiação para os artistas do ano que se passou, e na qual os vencedores são escolhidos através da audiência, nos últimos anos, exclusivamente através da votação direta no hotsite do evento. Tudo muito bonito, tudo muito democrático. Mas será que as escolhas são feitas sob o ponto de vista qualitativo? Será que escolher uma banda que tem 5 meninos bonitos, tocando uma música de fórmula manjadíssima, é o que temos de melhor em música atualmente? A mesma pergunta vale para o oposto, quando marmanjos votam na vocalista gatinha e seus dotes físicos e não exatamente na música que ela faz.

...tudo bem, em alguns casos esse não é bem o foco e tudo se mistura; tempos modernos. =)

O que me chamou atenção foi a exclusão das chamadas categorias de Jurí Técnico (onde, obviamente, a audiência não tinha como interferir) como: Melhor Direção, Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e Fotografia. O contéudo (leia-se os vencedores) das últimas edições foram escolhidos unicamente pela Internet. Longe do purismo de quem ouve, estuda e produz música. Tenho as minhas dúvidas sobre até que ponto o 'vox populi' é realmente 'vox dei'... principalmente quando essa voz parte de uma geração que nasceu, cresceu e hoje começa a dar os primeiros passos no que chamamos democracia, dentro da Internet. Um meio onde somos bombardeados de informações a cada segundo, e principalmente, onde o que é maravilhoso hoje é obsoleto em alguns clicks depois.

Vários destes mesmos consumidores já estão aptos a votar e escolher os seus governantes e representantes no congresso, no senado e também o nosso próximo presidente. Fariam o mesmo movimento votando milhares em algum 'plebiscito virtual' contra o voto secreto, por exemplo? Acho que não, infelizmente. São terrenos completamente diferentes e enquanto a música é parte do universo sem limites da Internet, e deixa o usuário a vontade para dizer o que gosta e o que não gosta, sem culpa ou sem retaliações significativa, a política traz consigo as tags "velho", "antiquado", "chato" e principalmente "sem graça". E os novos consumidores ainda preferem "coca cola", "mtv", "rock n' roll".

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