26 de setembro de 2008

Jornal na TV

O foco da IdeaValley é criar serviços baseados em tecnologia para o mercado editorial. A estréia nesse universo, em 2004, aconteceu com o lançamento de um sistema de publicação digital, o Flip, capaz de colocar as páginas de jornais dentro da Internet. Desde então, a companhia montou uma substantiva carteira de clientes do porte do O Globo, no Rio de Janeiro, e das publicações do grupo RBS do Rio Grande do Sul. Agora, a IdeaValley resolveu sofisticar a sua distribuição do conteúdo dos seus clientes. O próximo passo será permitir aos jornais oferecer aos assinantes o acesso por meio de telefones celulares. A Gazeta de Vitória no Espírito Santo já está utilizando a versão mobile do Flip. A lógica da IdeaValley é bem simples. Hoje o conteúdo dos jornais que usam seu software está acessível para 49 milhões de pessoas, o número de brasileiros conectados à internet. Com a telefonia celular o contingente pode dobrar ou mesmo triplicar. "E não vamos parar nesse canal de distribuição", afirma Juliana Laxe, diretora da empresa. "A intenção a médio prazo é permitir que as notícias dos jornais sejam acessadas através da televisão." A aposta da IdeaValley é na expansão da tecnologia de TV Digital. Nesse novo mundo cada aparelho de TV, além de receber o sinal da emissora, poderá se conectar à internet. E em lugar de receber o jornal preferido na porta de casa, o consumidor terá como acessá-lo direto na sua TV. "A nossa estratégia é proporcionar várias portas de acesso ao seu conteúdo dos jornais", afirma a executiva. O projeto do Flip TV ainda deve demorar a sair do papel, mas enquanto isso a IdeaValley continua pesquisando novas opções de tecnologia para o mundo editorial. A última é o "Repórter Digital" capaz de fazer a leitura dos textos publicados para deficientes visuais. Com todo esse portfólio, a IdeaValley tem hoje a hegemonia do mercado de publicações digitais de jornais. Sua concorrente mais próxima é a DigitalPages de São Paulo que tem como clientes o jornal O Estado de São Paulo e várias revistas da Editora Abril.

24 de setembro de 2008

O exemplo brasileiro

O Brasil terá a chance de dizer na próxima edição do Internet Governance Forum, a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que discute a governança da rede, como conseguiu fechar um acordo sem precedentes no mundo. Marcado para dezembro, na Índia, o IGF 2008 está com a sua agenda de trabalho em construção, mas um tema já faz parte da ordem do dia: os crimes virtuais e o uso da Internet por redes internacionais de pedofilia. E nesse ponto, o Brasil terá muito a contribuir sobre a construção de barreiras legais para enfrentar o problema. Na semana passada, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Senado, Magno Malta (PR-ES), participou com convidado da reunião preparatória do IGF 2008. O parlamentar não estava sozinho. Ele viajou acompanhado de dois dos mais ativos procuradores da República no combate a esse problema, André Ubaldino e Carla Sandoval, e de representantes do Comitê Gestor da Internet (CGI). A organização do IGF considera que o Brasil pode acrescentar muito ao debate que está em andamento no resto do mundo. O País quebrou um paradigma ao fechar um acordo com as empresas donas de redes de relacionamento, como o Google (Orkut) e a Microsoft (MSN), sobre crimes na rede, em particular a pedofilia. Essas companhias assinaram com as autoridades acordos que resultaram em compromissos de total colaboração na investigação de denúncias envolvendo pedófilos ou criminosos digitais. "Foi uma grande vitória da sociedade brasileira", afirma António Tavares, integrante da Comissão de Combate à Pedofilia do CGI e um dos convidados da comitiva do senador. Desde a sua primeira gestão à frente da Associação Brasileira dos Provedores de Acesso (Abranet), Tavares (atavares@dialdata.com.br) insiste que o combate a esse tipo de crime só pode ser feito envolvendo todos os interessados em enfrentar o problema. "Sem a ajuda das empresas, que entenderam a dimensão e a complexidade do problema, qualquer investigação ficaria mais complicada, como acontece em outras partes do mundo." É essa história que os brasileiros devem contar aos participantes do IGF 2008 que está programado para a cidade indiana de Hiderabad. Como parte da ação da ONU, o IGF tem uma importância estratégica para a Internet. A edição do ano passado, no Rio de Janeiro, serviu para colocar assuntos de extrema importância, como a governança da rede, na pauta de representantes de diversos governos e instituições internacionais. Este ano não será diferente, e o Brasil com o acordo mostrará que os benefícios da rede são bem superiores aos problemas que podem ser provocados pelo seu mau uso.

23 de setembro de 2008

A lógica da WebCo

Uma conversa de pouco mais de 30 minutos é suficiente para entender a lógica que o engenheiro de computação Manoel Lemos está imprimindo na sua companhia, a WebCo. Com a ajuda de lápis e papel, ele rascunha o que para muitos seria um modelo de negócios, mas que para ele é apenas uma das variáveis do seu empreendimento. As premissas são relacionadas logo no início do diálogo com o interlocutor. Para Lemos não existe a possibilidade de pensar diferente. Ele está diante de um mercado que não pára de crescer e que a cada dia exige mais produtos com cores locais. Lemos e seus investidores, entre eles o grupo sul-africano Napster, que também é sócio do grupo Abril no Brasil, querem criar um negócio baseado no tripé de conteúdo gerado pelo consumidor, com alta dose de interatividade e um acentuado sotaque em português. "Não pensamos em nada que não envolva essa equação", afirma o executivo. Dentro desse modelo já existem dois produtos. O primeiro é o BlogBlogs, o maior indexador de blogs em português e que já catalogou mais de 2 milhões de blogs no País. Desses 400 mil podem ser considerados ativos. São aqueles que os seus donos publicam posts pelo menos uma vez por semana. O Blogblogs conseguiu em pouco tempo ser a principal central de informações desse mercado no País. De certa forma, o serviço é um dos mais fiéis espelhos da mídia social brasileira. Ninguém monta um desses endereços hoje sem antes cadastrá-lo no serviço de Lemos. É lá que estão os mais relevantes personagens, audiências e tendências desse universo. O BlogBlogs funciona como uma caixa de ressonância da web 2.0 nacional. Lemos montou esse negócio antes da chegada dos seus sócios que o ajudaram na construção da segunda marca da companhia, o Brasigo, que funciona como uma espécie de Orkut verde-amarelo. A idéia do serviço é proporcionar aos seus usuários a troca de conteúdo de qualquer natureza sem a barreira da língua. O português é o idioma dentro do Brasigo. A Webco reúne essas duas marcas e estuda outras possibilidades de negócios. "Somos o primeiro empreendimento brasileiro de web 2.0", afirma Lemos. Sua estratégia é bem segmentada. No primeiro momento, ele não pensa em enfrentar os dois extremos da Internet brasileira. Num dos cantos estão os grandes grupos de mídia nacionais que transferiram sua lógica de conteúdo de qualidade para dentro da rede. Essas marcas, como o UOL ou G1 das Organizações Globo, ainda não se transformaram em desenvolvedores de serviços de web 2.0. Quem cumpre este papel são as marcas mundiais desse mercado como Google e MSN, mas sem uma preocupação de criar cores locais para seus produtos. "É esse intervalo que vamos ocupar", afirma Lemos. Para evitar uma pressão comercial sobre o processo criativo do negócio, Lemos só está contratando, por enquanto, especialistas no desenvolvimento de novos produtos. Gente de vários pontos do País. Um dos últimos funcionários saiu de Manaus, no Amazonas, para se reunir ao grupo de 30 funcionários da WebCo. Até o final do ano serão 50 pessoas dedicadas exclusivamente ao BlogBlogs, Brasigo e os novos serviços ainda na prateleira.