11 de julho de 2008

É bom, mas...

Em certas circunstâncias, a opinião de um especialista pode ser mais útil em relação aos conselhos dos assessores mais próximos. A candidata do PT à prefeitura de São Paulo na eleição de outubro, Marta Suplicy, pode ter aberto mão dessa premissa na hora de construir o seu site, portal ou comitê virtual de campanha. O endereço pretende ser um canal de comunicação da candidata com os seus eleitores e também com os nativos digitais, aqueles que têm a internet em seu DNA. BITES foi atrás desse segundo grupo. São os responsáveis por aquilo que muitos classificam e outros criticam como a blogosfera nacional. As avaliações que chegaram até ao fechamento desta edição (19h10 desta sexta-feira) têm um ponto em comum. Os blogueiros elogiam a iniciativa da candidata, mas ressaltam como principal falha a ausência de uma estratégia mais sofisticada de interatividade do endereço. "Diante das diversas ferramentas que a internet, site não permite nenhuma interação", afirma Ale Rocha, editora do blog Poltrona na TV. "Sem diálogo e contribuição de terceiros parece um mero folder eletrônico. Um santinho metido a moderno, mais colorido e brilhante." Daquilo que pode ser qualificado como um instrumento real de comunicação, Marta Suplicy apresenta um blog que fica escondido para o visitante mais desavisado. Esse espaço permite o envio de comentários, que devem ser moderados pela equipe da petista, mas até o início da noite de hoje havia apenas um post dizendo que a partir dali os eleitores poderão acompanhar a candidata da perto. "O site parece bem standard em termos de portal para Brasil. Está bem legal, mas não chega aos pés dos sites de candidatos de 1º mundo como Obama e Mccain", explica Carlos Cardoso, dono de um dos blogs de maior audiência do País e conhecido entre seus pares pelas opiniões fortes e incisivas.

Para os blogueiros, diálogo é a palavra-chave desse negócio. Não só para eles. Há algumas semanas, o diretor do IBOPE Inteligência, Marcelo Coutinho, entrevistado pela Reuters, disse que na internet não havia espaço para o discurso dos políticos, e sim conversa com o eleitor. É isso que falta ao site de Marta na opinião dos blogueiros. "A Internet não é um "monólogo", diz Elisandra Amâncio, do blog Verdadeiro Jornalismo. Essa é uma visão compartilhada por quem respira a rede 24 horas por dia. Dois personagens relevantes desse mundo dos blogs, a jornalista Lucia Freitas (Ladybug) e o administrador de empresas Wagner Fontoura (Boombust), têm opiniões bem próximas em relação ao blog da candidata do PT. "Há falhas no projeto, mas devemos reconhecer o mérito da iniciativa e que os sites .can.br (endereços dos candidatos) serão muito importantes nesta campanha", afirma Lúcia, do Ladybug. "Também vejo qualidades na proposta virtual da ex-prefeita de São Paulo, mas seria interessante utilizar as mídias sociais em debates, conversações e ações de promoção dos candidatos e de resultados práticos para o eleitor", afirma Fontoura, que também é diretor da agência de marketing interativo Riot.

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